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A poluição oculta do hidrogênio

Na coluna de abril, apresentei algumas possibilidades e dificuldades do uso do hidrogênio como combustível, partindo da premissa de que dispomos de uma quantidade suficiente desse recurso para atender à nossa demanda. O maior atrativo para o uso de hidrogênio como combustível reside no seu baixo impacto ambiental. No entanto, ele não está disponível na forma como precisamos, e por isso representa uma fonte de energia menos limpa do que parece à primeira vista.

Lagos de metano líquido em Titã, uma das luas de Saturno. Na Terra, esse hidrocarboneto é uma das possíveis fontes de hidrogênio para uso como combustível, mas a reação para quebrar essa molécula gera poluentes (foto: JPL/Nasa).

O problema ambiental do uso do hidrogênio é que ele não é encontrado de forma isolada na natureza. Ele está sempre presente em algum composto, como a água ou os hidrocarbonetos (petróleo, gás natural ou carvão, entre outros). Para ser usado como combustível, o hidrogênio precisa ser retirado desses compostos – e é nessa etapa que surge a possibilidade de poluição na tecnologia do hidrogênio.


Existem procedimentos para a extração limpa de hidrogênio. Por meio da eletrólise, por exemplo, é possível separar o hidrogênio e o oxigênio contidos na molécula da água (H2O). Com a pirólise é possível quebrar a molécula de metano (CH4), resultando em carbono e hidrogênio.

Tanto o oxigênio, no primeiro caso, quanto o carbono, no segundo, são inofensivos e podem ser utilizados em inúmeras aplicações. A questão é que os processos mais limpos costumam ser mais caros e menos eficientes. Isso não impede o investimento em pesquisas para seus aprimoramentos.

Um bom exemplo é a busca de soluções para o uso de energia renovável (solar e eólica) na obtenção de hidrogênio por eletrólise. Investimentos pesados nesse sentido têm sido feitos nos estudos conduzidos no Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e em outros centros de pesquisa fora do país.

Também no exterior, há pesquisadores investigando a utilização da energia nuclear com a mesma finalidade. Todavia, o uso comercial dessas técnicas não deve ocorrer nas próximas décadas. Até que elas atinjam um patamar econômico competitivo, o hidrogênio continuará sendo retirado dos hidrocarbonetos, sobretudo do gás natural (leia-se metano). Isso se faz por meio do processo conhecido como reforma a vapor do metano (SMR na sigla em inglês), com o terrível efeito colateral da liberação de gás carbônico, CO2 – o mais emblemático dos gases do efeito-estufa.

O dilema do ovo e da galinha
Outra razão por trás dessa opção é a tentativa de se fugir do dilema do ovo e da galinha. Os fabricantes de automóveis alegam que não podem investir na tecnologia do hidrogênio enquanto não houver um sistema de distribuição em grande escala; já os fornecedores de combustíveis rebatem dizendo que não podem montar uma grande estrutura de distribuição enquanto não houver demanda que justifique o investimento. Enquanto ninguém se mexe, tudo fica como está. A extração de hidrogênio de gás natural poderá se beneficiar de grande parte da atual estrutura de distribuição de combustíveis, o que contornaria temporariamente o efeito paralisante desse impasse.

A grande questão por resolver é a destinação do gás carbônico. Não existem alternativas simples e imediatas para sua utilização. Tanto é assim que se usa uma expressão bem interessante para designar essa tecnologia: extração de hidrogênio com sequestro do gás carbônico. A possibilidade mais evidente para se evitar o aumento do efeito estufa é “esconder” o gás carbônico. Mas onde?

O esquema representa as diferentes possibilidades de sequestro de gás carbônico (arte: Cepac / PUC-RS / IPCC).


A figura acima ilustra as principais possibilidades de sequestro de gás carbônico. Com exceção das alternativas naturais – como o sequestro pelas árvores –, todas as outras apresentam algum risco ambiental. A captura pela vegetação nem deve ser considerado como uma solução viável: com a progressiva destruição de nossas florestas e o aumento exponencial da liberação de CO2 de origem humana, essa alternativa corre risco de esgotamento.

A maneira mais simples de esconder o gás carbônico é jogá-lo no fundo mar. Embora já exista infraestrutura para isso, ninguém sabe ainda como os oceanos reagirão a uma grande quantidade de CO2 borbulhando nas suas profundezas. Os estudos nessa área ainda são incipientes, mas um fenômeno ocorrido em agosto de 1986 no lago Nyos, na República dos Camarões, dá o que pensar.

O desastre do lago Nyos
Em 21 de agosto daquele ano, chamou a atenção da comunidade científica internacional uma repentina erupção que vitimou 1.700 pessoas e 3 mil animais e ficou conhecida como o desastre do lago Nyos. A natureza do fenômeno ainda não foi completamente esclarecida, mas já se sabe que não foi uma erupção vulcânica, que o gás expelido era CO2 e que as mortes ocorreram por asfixia.

Processo de desgaseificação do lago Nyos, na República de Camarões, conduzido por pesquisadores franceses. O procedimento foi adotado em decorrência da liberação repentina de um grande volume de gás carbônico em 1986 (foto: http://pagesperso-orange.fr/mhalb/nyos/).


A explicação mais provável é que esse gás carbônico tenha se acumulado no fundo do lago e ali permanecido durante décadas ou séculos por causa da alta pressão. De modo análogo ao que acontece em uma garrafa com bebida gasosa, algum distúrbio no lago provocou a liberação repentina – e catastrófica – do gás. A preocupação com novas ocorrências do fenômeno levou ao desenvolvimento de um grande projeto de desgaseificação do lago.

A injeção de CO2 em formações geológicas também é apontada como solução para o armazenamento desse gás. Esse procedimento vem sendo praticado há algum tempo pela indústria petrolífera para aumentar a extração de petróleo, mas não é possível estimar com boa margem de precisão o volume gasoso acumulado nem a integridade dessas formações. Tampouco se sabe por quanto tempo uma dada quantidade de gás carbônico poderia permanecer em equilíbrio no fundo do mar, nem que tipos de distúrbios geológicos seriam capazes de quebrar esse equilíbrio.

Por outro lado, pesquisas realizadas há mais de uma década mostraram que uma grande quantidade de água próxima ao ponto de descarga de gás carbônico apresenta redução no pH, o que compromete a vida de organismos marinhos daqueles locais.

Carbonetação mineral
Por conta de todos esses problemas e incertezas em relação ao sequestro marinho, surgiram nos últimos anos métodos considerados ambientalmente adequados, capazes de armazenar CO2 de forma permanente e evitar os danos ambientais referidos acima. Um dos mais promissores é a carbonetação mineral, ou a reação do CO2 com alguma outra substância de maneira a fixá-lo em um terceiro composto.

Um exemplo disso é a reação do gás carbônico com a olivina (um silicato de magnésio) para formar a magnesita. Todavia, nenhum desses métodos considerados benéficos foi testado em larga escala, nem observado durante um longo período de tempo.

Parece que tudo conspira contra um ambiente limpo em uma sociedade cuja demanda por energia cresce em ritmo tão acelerado quanto o que observamos nas últimas décadas. Quando o processo beira a perfeição, em termos ambientais, é muito caro ou pouco eficiente. Torçamos para que a ciência nos ajude a encontrar um caminho sustentável para a exploração do hidrogênio.

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/145723
Carlos Alberto dos Santos
Colunista da CH On-line
Professor aposentado pelo Instituto de Física
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
22/05/2009

07/06/2009 Posted by | 1° Ano Química, Curiosidades, Textos Biológicos | Deixe um comentário

Parasitas, evolução e sexo!

Evolucionista inglês mostrou como a emergência da reprodução sexuada favoreceu os hospedeiros

Exatamente 50 anos atrás, em 7 de maio de 1959, o físico inglês Charles Percy Snow (1905-1980) proferiu sua notória e fatídica conferência “As duas culturas”. A tese era de que ciência e humanidades constituíam atividades estanques, líquidos imiscíveis. Acho que a conferência acabou sendo uma profecia autorrealizável, ou seja, uma crença que, de tanto ser divulgada e repetida, acabou sacramentada e intrinsecamente provocou sua aceitação e concretização.

A coluna Deriva Genética é total e irrevogavelmente dedicada à tarefa de mostrar que, como o rei, C.P. Snow estava nu. A separação entre arte e ciência é um artefato da academia. Longe de serem diferentes, elas são maneiras complementares e interativas de o ser humano lidar com o universo e com sua própria existência.

Feito este breve prolegômeno, passemos à coluna propriamente dita, que irá abordar outra interação, desta vez entre parasitas e hospedeiros. Nessa relação, dois organismos com constituições genéticas muito diferentes vivem juntos, um dentro do outro, célula dentro de célula, ou mesmo genoma dentro de genoma. As informações genéticas desses “parceiros” se expressam lado a lado, numa interação que pode durar um longo tempo.

O mundo da Rainha Vermelha

Alice no mundo da Rainha Vermelha (do livro Através do espelho, de Lewis Carroll, ilustração de John Tenniel). Na estória, a menina Alice passa através de um espelho e descobre um estranho mundo construído como um tabuleiro de xadrez, com peças brancas e vermelhas (na Inglaterra vitoriana as peças oponentes das brancas eram vermelhas, e não pretas como hoje). Uma das primeiras pessoas que Alice encontra é a Rainha Vermelha, que a leva para um passeio em alta velocidade. Quando Alice observa que a paisagem parece não estar se movendo, a rainha responde que naquele país, “você não consegue sair do lugar, mesmo correndo o mais rápido possível.” 

Os parasitas evoluem constantemente para maximizar sua infecciosidade e otimizar sua virulência, enquanto os hospedeiros tentam, por sua vez, evoluir rapidamente para minimizar essas propriedades dos parasitas. Se um deles conseguir uma vantagem evolucionária significativa, isso poderá levar à extinção do outro.

Assim, parasitas bem sucedidos e hospedeiros bem sucedidos estão sempre em um “equilíbrio” competitivo, no qual não há perdedores nem vencedores definitivos, apenas a coevolução constante que mantém o status quo. Esse equilíbrio foi denominado de a “dinâmica da Rainha Vermelha” (ver figura ao lado).

Aliás, o princípio da Rainha Vermelha, que já foi verificado experimentalmente em vários estudos, me remete a um de meus filmes prediletos: O Leopardo (1963) do italiano Lucchino Visconti (1906-1976), baseado no livro homônimo de Giuseppe Di Lampedusa (1896-1957). Nele, Burt Lancaster, fazendo o papel do Príncipe de Salinas, reflete sobre a revolução republicana na Sicília dizendo: “As coisas têm que mudar, para que permaneçam as mesmas”.

À primeira vista, a coevolução de parasitas e hospedeiros pode não parecer bem balanceada, pois sabemos que os parasitas evoluem mais rapidamente do que os hospedeiros, por três motivos: maior tamanho populacional, tempos de geração mais curtos e elevadas taxas de mutação. Por essa lógica, os parasitas deveriam ganhar sempre.

Entretanto, sabemos que isso não é o que ocorre em populações naturais. A solução para esse aparente paradoxo foi fornecida pela primeira vez pelo grande evolucionista inglês William D. Hamilton (1936-2000), que mostrou que o equilíbrio podia ser mantido se os hospedeiros adotassem a reprodução sexuada.

A recombinação genética possibilitada pela reprodução sexuada aumenta a taxa de evolução pela criação de novas combinações gênicas, tornando cada hospedeiro um ambiente singular para o parasita e dificultando a sua adaptação. Esse mecanismo é tão eficiente que permite que o hospedeiro tenha resistência natural à infecção por parasitas que ele sequer encontrou. A partir desse raciocínio, Hamilton propôs que, evolucionariamente, o sexo emergiu como uma estratégia para lidar com parasitas e que representa uma real vantagem para as espécies.

A seleção sexual e os parasitas
“The sight of a feather in a peacock’s tail, whenever I gaze at it, makes me sick!”, escreveu Darwin em uma carta em 1887 (tradução: a visão de uma pena da cauda de um pavão me deixa doente).

Pavão macho (Pavo cristatus), exemplo máximo da seleção sexual, proposta por Charles Darwin em 1871 como estratégia evolucionária de competição entre os machos pelas fêmeas disponíveis para acasalamento. Características favorecidas por seleção do sexo oposto são chamados de “ornamentos”. Exemplos são as decorações multicolores dos peixes, o canto e a plumagem dos pássaros etc. As vantagens reprodutivas desses ornamentos têm de superar a desvantagem causada pelo aumento de visibilidade, que torna os machos mais facilmente localizáveis por predadores (foto: Wikimedia Commons).

Desde a publicação de seu importante livro A descendência do homem e seleção em relação ao sexo em 1871, Darwin vinha tentando, sem sucesso, conseguir uma explicação para o fato de os machos de várias espécies de aves apresentarem uma plumagem colorida e volumosa, que teoricamente deveria ter o efeito deletério de torná-los presas fáceis para predadores. O pavão é o exemplo mais flórido desse fenômeno.

O risco elevado tinha de ser contrabalançado com o lucro de um aumento considerável de atração sexual desses machos. Tal observação era análoga às características de outras espécies nas quais se observava este paradoxo da “seleção sexual”, como o coaxar dos sapos, o tamanho da galhada dos alces ou o colorido dos peixes. Por que as fêmeas prefeririam esses machos tão enfeitados?

O dilema persistiu até que em 1982 Hamilton, junto com M. Zuk, postulou a hipótese de que os caracteres exuberantes de seleção sexual constituíam uma demonstração de boa saúde, uma prova de que os animais estavam livres de parasitas. Os autores mostraram que entre as aves havia uma correlação negativa significativa entre a infestação por parasitas (nematódeos e protozoários) e a exuberância da plumagem e do canto dos machos. Esses resultados são compatíveis com um modelo de seleção sexual no qual as fêmeas das aves escolhem parceiros sexuais pelo escrutínio de características físicas cuja expressão completa depende de saúde e vigor.

Antropomorficamente falando – o que sempre é arriscado –, ao optar por machos ornamentados, as fêmeas estão na verdade escolhendo machos não parasitados, isto é, com genes de resistência, que serão transmitidos aos seus filhotes. Esta é mais uma demonstração do papel fundamental dos parasitas na evolução dos hospedeiros.

O Darwin do século 20

William D. Hamilton (1936-2000) o grande biólogo evolucionista inglês do século 20, responsável pela hipótese de que os parasitas são responsáveis pela emergência do sexo e pelo desenvolvimento da evolução sexual. Paradoxalmente, o cientista faleceu com malária aguda, causada pelo parasita Plasmodium falciparum (foto: WIkimedia Commons).

Além de suas contribuições seminais para o entendimento da evolução do sexo e da seleção sexual, Hamilton desenvolveu uma brilhante e rigorosa teoria matemática das bases genéticas e evolucionárias do altruísmo por meio da seleção de parentes (kin selection) e aptidão inclusiva (inclusive fitness), conceitos que infelizmente têm sido usados abusivamente pela sociobiologia e pela psicologia evolucionária.

Seu brilho foi tal que o britânico Richard Dawkins, outro grande evolucionista, escreveu que “W.D. Hamilton é um bom candidato para o título do darwinista mais gabaritado desde o próprio Darwin”.

Acontece, às vezes, de grandes homens de ciência cometerem grandes erros. Sempre agressivo e polêmico, Hamilton desenvolveu durante a década de 1990 a teoria excêntrica e idiossincrática de que o vírus HIV havia evoluído a partir de vacinas orais de poliomielite contaminadas, usadas na década de 1950. Em 2000 ele organizou uma excursão científica ao Congo para investigar sua hipótese. Durante a viagem ele contraiu malária, que evoluiu para forma cerebral. Hamilton foi transferido de volta à Inglaterra para tratamento, mas faleceu após seis semanas de hospitalização, com uma hemorragia cerebral.

É triste e curioso que esse grande evolucionista, que tanto contribuiu para o entendimento do papel evolucionário dos parasitas, tenha sucumbido exatamente ao Plasmodium falciparum, um parasita de extraordinária relevância evolucionária, pois acompanha a humanidade desde os seus primórdios.

Hamilton foi enterrado na Inglaterra. Nisso, não foi obedecido seu desejo, expresso no artigo intitulado “My intended burial and why” [‘Meu enterro desejado e por quê’], de ser enterrado em uma floresta brasileira.

“Deixarei um pedido no meu testamento para que meu corpo seja carregado para o Brasil e para essas florestas […] e estes grandes besouros Coprophanaeus me enterrarão. Eles penetrarão em minha carne e a comerão; na forma de cria deles e minha, escaparei da morte. […] Zumbirei no lusco-fusco como uma grande mamangaba. Serei muitos, zumbindo como um enxame de motocicletas, alçarei voo, corpo ao lado de corpo no ar, voando na selva sob as estrelas, suspensos sob esses belos élitros [asas dos coleópteros] que teremos nas nossas costas. Finalmente, também reluzirei como um escaravelho violeta sob uma pedra.”

Essa é a ideia de imortalidade de um verdadeiro evolucionista…

Genomas de parasitas
Como vimos, seres humanos e seus parasitas, muito especialmente o Plasmodium, estão há milênios aprisionados no processo coevolucionário antagonístico constante da Rainha Vermelha.

Mas a nossa espécie é a única que tem consciência da própria evolução. E ela desenvolveu uma nova maneira mais rápida e eficiente de evoluir, por meio da cultura.

A evolução cultural é muito mais rápida e eficiente que a biológica, pois não depende de transmissão genética vertical. Em vez disso, ela recorre ao uso da linguagem e do aprendizado para transmissão vertical bidirecional (de pais para filhos e vice-versa) e também transmissão horizontal (entre indivíduos não-aparentados). Nesse sentido, a evolução cultural é altamente “contagiosa” e se tornou muito mais importante para a espécie humana que a evolução biológica.

A evolução cultural permitiu o desenvolvimento da ciência e da medicina e, mais recentemente, levou ao estudo detalhado e elucidação dos genomas do ser humano e de seus principais parasitas. Pode parecer otimismo excessivo, mas é possível que o estudo detalhado da constituição genômica de seus inimigos parasitas finalmente permita ao Homo sapiens adquirir a vantagem evolucionária que lhe permita escapar do jugo da Rainha Vermelha. 

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/

07/06/2009 Posted by | Curiosidades, Genética, Textos Biológicos | Deixe um comentário

Amor ao primeiro cheiro?

O sistema imune foi evolutivamente moldado para a defesa de nosso organismo contra a invasão de agentes estranhos como vírus e bactérias e para impedir o desenvolvimento de doenças como o câncer. Ele é capaz de distinguir entre as moléculas do indivíduo e aquelas estranhas ao seu organismo. Sua atuação depende em grande parte do complexo principal de histocompatibilidade, mais conhecido a partir de sua abreviatura inglesa MHC.

O MHC é uma região cromossômica que ocorre em todos os vertebrados mandibulados e que tem dezenas de genes envolvidos na imunidade inata e adaptativa. Esses genes são ativados em resposta à presença de elementos “estranhos” ao organismo do indivíduo (proteínas, polissacarídeos e lipossacarídeos que não são normalmente encontrados ali). Esses elementos estranhos, conhecidos como antígenos ou imunógenos, são capazes de ativar uma reação de defesa do organismo — a reação imune.


As moléculas do MHC têm uma estrutura única para cada indivíduo. Estudos mostraram que essa diversidade é capaz de influenciar a suscetibilidade e a resistência dos indivíduos contra doenças. Há um consenso de que a batalha que a nossa espécie tem travado por milhares de anos contra patógenos tem influenciado a evolução desses genes.

Falhas na função normal do MHC costumam provocar uma imunodeficiência severa, doenças autoimunes, desenvolvimento de tumores e até a morte. O MHC influencia ainda a rejeição a enxertos e a tolerância fetal durante a gravidez. Além disso, alguns de seus genes são essenciais para o desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso e remodelamento sináptico.

Algumas pesquisas sugeriram que o MHC estaria envolvido também na função olfatória, na escolha de parceiros e na reprodução dos vertebrados. Contudo, esses estudos têm ainda enfrentado ceticismo. Mas como esse complexo poderia influenciar a seleção de parceiros? Antes de discutir isso, precisamos entender o papel da sua diversidade em diferentes indivíduos.

A variabilidade do MHC

Talvez o aspecto mais marcante do MHC seja a sua extraordinária diversidade genética. Os genes clássicos para o MHC possuem centenas de variantes (ou alelos) e estão entre os mais polimórficos do genoma humano. Esses polimorfismos ocorrem principalmente na região de ligação das proteínas produzidas pelo MHC com os peptídeos derivados dos antígenos, o que sugere que a seleção favoreça a variabilidade nesses locais. Mas que fatores podem influenciar essa diversidade?

Os alelos do MHC parecem ter sido selecionados por sua habilidade de proteger os organismos contra agentes infecciosos. No homem, por exemplo, esses alelos estão associados à resistência contra inúmeras doenças como Aids, malária, tuberculose, hepatite e lepra.

Outros estudos mostram também que a variabilidade do MHC influencia a resistência em populações silvestres de peixes, roedores, serpentes e carneiros. Esses resultados são particularmente interessantes, pois indicam o impacto desses genes sobre a adaptação de populações na natureza. Além disso, análises indicam que a presença de alelos diferentes em roedores, peixes e mesmo no homem tem tornado seus portadores mais resistentes a infecções em comparação com indivíduos que possuem alelos similares.

A diversidade do MHC talvez seja mantida nas populações devido ao valor seletivo dos alelos menos frequentes. Alelos raros ou novos são benéficos para seus portadores, pois os patógenos não estão adaptados a eles.

Seleção sexual e MHC

Por outro lado, algumas pesquisas chamaram a atenção para uma associação surpreendente (e controversa!) entre o MHC e a biologia de seus portadores. Segundo esses estudos, os genes do MHC podem estar sujeitos a um processo de seleção sexual, que influenciaria as preferências de acasalamento de seus portadores e proporcionaria a geração de uma prole mais resistente imunologicamente.

Estudos mostram que essas aves tendem a preferir parceiros que possuam alelos específicos do MHC.
Em populações de espécies como o faisão, os indivíduos parecem selecionar parceiros que possuam alelos específicos do MHC. Nesse caso, a maioria dos indivíduos apresentará preferências similares na escolha de parceiros e esse comportamento pode gerar, após algum tempo, uma uniformidade em relação a esses genes nessa população. Para traçar um equivalente com a espécie humana, seria como se todas as mulheres se relacionassem apenas com homens parecidos com o Brad Pitt.

Em outras espécies, pesquisas mostram que os indivíduos selecionam parceiros que apresentam MHCs similares aos seus próprios — pardais são um exemplo. Já em camundongos, os casais são formados preferencialmente por indivíduos que possuem MHCs diferentes. Nesse caso, haverá uma maior gama de escolha para as populações analisadas.

Olfato e MHC

Mas como se dá a seleção de parceiros baseada no MHC? Estamos falando aqui de moléculas – proteínas codificadas pelos genes desse complexo – presentes na superfície de células específicas relacionadas com a defesa imune, um processo que ocorre muitas vezes de forma imperceptível no interior de nossos corpos.

De acordo com os resultados de alguns estudos, a percepção olfatória desempenharia um papel central nesse processo. Os fragmentos dos antígenos associados ao MHC podem ser diluídos em fluidos corporais como a urina, a saliva e o suor. Essas moléculas poderiam assim ser captadas por neurônios sensitivos olfatórios presentes em outros indivíduos, de forma a desencadear sensações agradáveis ou não.

Uma outra explicação sugere que as moléculas de MHC parcialmente degradadas poderiam transportar substâncias circulantes voláteis capazes de serem captadas por receptores olfativos. Há ainda uma terceira hipótese, segundo a qual as moléculas de MHC poderiam moldar a proliferação de populações da flora bacteriana presentes em um indivíduo. Estas, por sua vez, poderiam produzir moléculas odoríferas.

Como a diversidade de fragmentos de antígenos associados ao MHC é específica para cada indivíduo, cada um teria um padrão único de odores que podem atrair — ou não — indivíduos do sexo oposto.

MHCs e seleção sexual no homem

Ainda há muita controvérsia quanto à influência dos genes do MHC sobre as preferências de acasalamento em seres humanos. A maioria das pesquisas sobre o assunto foi realizada a partir da análise da relação entre a preferência por odores corporais e a variabilidade de MHCs em grupos de indivíduos selecionados.

Em um exemplo bem conhecido, estudantes universitários foram analisados com relação ao prazer que sentiam após serem expostos a odores presentes em camisetas utilizadas por pessoas que possuíam MHCs similares ou diferentes. Em geral, as mulheres preferiram odores de homens com MHCs diferentes dos seus. Esse padrão foi o oposto em mulheres que tomam anticoncepcionais. Os homens, por sua vez, também preferiram mulheres com MHCs diferentes, embora os resultados não fossem significativos nesse caso.

Uma pesquisa realizada recentemente por uma equipe chefiada por Maria da Graça Bicalho, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apontou uma associação entre o MHC e a atração entre casais. Realizado com 90 casais e apresentado em um congresso da Sociedade Europeia de Genética Humana em Viena, Áustria, o estudo concluiu que, inconscientemente, as pessoas tendem a escolher como parceiros indivíduos que apresentem diferenças significativas em relação a seu próprio MHC.

Obviamente, existe uma série de outros fatores envolvidos na escolha de parceiros entre nós, humanos. Fatores sociais e comportamentais são sem dúvida preponderantes nessa escolha. Mas quem poderia imaginar que talvez também estejamos escolhendo nossos amores pelo cheiro?

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/146609
Jerry Carvalho Borges
Universidade do Estado de Minas Gerais
05/06/2009

SUGESTÕES PARA LEITURA
Grob,B., Knapp,L.A., Martin,R.D., and Anzenberger,G. (1998). The major histocompatibility complex and mate choice: inbreeding avoidance and selection of good genes. Exp. Clin. Immunogenet. 15, 119-129.
Jordan,W.C. and Bruford,M.W. (1998). New perspectives on mate choice and the MHC. Heredity 81 (Pt 3), 239-245.
Klein,J., Sato,A., and Nikolaidis,N. (2007). MHC, TSP, and the origin of species: from immunogenetics to evolutionary genetics. Annu. Rev. Genet. 41, 281-304.
Marrack,P., Rubtsova,K., Scott-Browne,J., and Kappler,J.W. (2008). T cell receptor specificity for major histocompatibility complex proteins. Curr. Opin. Immunol. 20, 203-207.
Piertney,S.B. and Oliver,M.K. (2006). The evolutionary ecology of the major histocompatibility complex. Heredity 96, 7-21.
Traherne,J.A. (2008). Human MHC architecture and evolution: implications for disease association studies. Int. J. Immunogenet. 35, 179-192.

07/06/2009 Posted by | Bioquímica, Curiosidades, Fisiologia, Textos Biológicos | Deixe um comentário

Níveis elevados de açúcar no sangue associam-se ao declínio das funções mentais

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Pesquisadores do centro médico da Universidade de Columbia (Nova York, Estados Unidos) suspeitam que níveis elevados de açúcar no sangue (glicemia) podem afetar o giro dentado – uma área do cérebro que participa da formação de memórias – e levar ao declínio das funções mentais.
Um total de 240 voluntários idosos tiveram o seu cérebro mapeado através de ressonância magnética funcional de alta resolução. No exame, os pesquisadores observaram que os indivíduos com altos níveis glicêmicos tinham um menor volume de sangue no giro denteado do cérebro, sinal da redução da atividade local ou que a função metabólica na região estava diminuída.
“A redução do volume de sangue no cérebro pode ser observada mesmo quando os níveis de glicemia no sangue são apenas ligeiramente elevados”, afirmou o principal investigador do estudo, o Dr. Scott Small. A descoberta pode explicar  parte do declínio mental relacionado à idade.
“A capacidade do organismo em controlar a glicemia começa a se deterior na terceira ou quarta década de vida.Mas essa função melhora com a prática de atividade física e uma alimentação adequada”, conclui o Dr. Small.
Fonte:Annals of Neurology(2008).

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06/06/2009 Posted by | Fisiologia, Textos Biológicos | Deixe um comentário

Fim da picada para os diabéticos…

Microchip implantado sob a pele medirá glicose no sangue e auxiliará no tratamento do diabetes
O chip, do tamanho de um grão de feijão, é implantado sob a pele de pacientes de diabetes tipo 2. O dispositivo mede a glicose no sangue e armazena dados pessoais, como tipo sanguíneo, alergias e medicamentos administrados, facilitando o atendimento médico

Um chip implantado sob a pele, que mede a glicose no sangue e carrega informações médicas do diabético. Tudo concentrado em um dispositivo do tamanho de um grão de feijão. Pode parecer ficção científica, mas pesquisadores da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, se aproximam da confecção de um aparelho que promete simplificar o tratamento do diabetes tipo 2, doença cerca de 10 vezes mais recorrente do que a do tipo 1, sobretudo após os 40 anos de idade.

Segundo a Associação Nacional de Assistência ao Diabético (Anad), o diabetes tipo 2 atinge cerca de 12 milhões de pessoas, cujas células adquirem resistência à insulina. O tratamento inicial inclui dieta e medicamento oral quando necessário. Com a progressão da doença, é preciso aplicar injeções subcutâneas de insulina diariamente.

A medição da glicose deve ser feita constantemente para controlar os danos causados pela hiperglicemia (excesso de glicose no sangue) por meio de ajustes na alimentação e na medicação. Atualmente, o próprio paciente pode coletar uma gota de sangue de seu dedo para fazer essa medição, mas o procedimento ainda causa grande desconforto, especialmente se realizado algumas vezes ao dia.

Para melhorar a qualidade de vida dos diabéticos, formou-se uma parceria na Unifei entre o grupo de microeletrônica, à frente o engenheiro Tales Cleber Pimenta, e o grupo de biosensores e materiais, coordenado por Álvaro Antônio Alencar de Queiroz. A equipe de Pimenta monta circuitos de baixas tensão e potência, apropriados para o implante em humanos. Já a de Queiroz pesquisa materiais que reagem eletricamente à presença de elementos no sangue.

Com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o projeto juntou essas duas tecnologias para desenvolver um microchip de longa duração capaz de detectar a quantidade de glicose no sangue.

A ideia é que os microchips possam ser implantados embaixo da pele, de forma semelhante a que é feita para monitoração de espécies ameaçadas de extinção. O dispositivo irá medir o nível de glicose no sangue e transmitir o resultado por sinal de rádio para um aparelho externo colocado sobre a pele. Esse aparelho poderá inclusive acionar uma bomba de infusão para liberação de insulina diretamente no organismo, sem que haja qualquer intervenção exterior.

Implante
A próxima etapa da pesquisa, iniciada há dois anos, é fazer outras medidas, tais como níveis de colesterol, ureia e oxigênio. Também está previsto o armazenamento de dados pessoais do paciente, como nome, tipo sanguíneo, alergias e medicamentos administrados. “Isso facilitaria muito no atendimento médico, especialmente em casos de emergência”, explica Pimenta.

O pesquisador ressalta que os microchips também são uma alternativa econômica. “Atualmente, as pessoas furam o dedo várias vezes ao dia, o que, além de causar desconforto, gasta muito material. O microchip seria um implante de longa duração sem despesas posteriores”, afirma. O acesso à nova tecnologia sairia hoje por cerca de US$ 250, contando os custos do chip, da sua implantação e do aparelho externo para medição. Os pesquisadores esperam que em dois anos o chip esteja pronto para os testes clínicos, quando se saberá se são aptos para o implante em humanos.

Fonte:http://cienciahoje.uol.com.br/145141
Marcella Huche
Ciência Hoje/RJ

06/06/2009 Posted by | Fisiologia, Textos Biológicos | Deixe um comentário

Raia com ‘rosto humano’ vira atração na Cisjordânia

Peixe está exposto em uma loja na cidade de Hebron.
Vendedor comprou a raia de um pescador na cidade de Haifa.

Um vendedor palestino mostra na quarta-feira (3) uma raia em sua loja na cidade de Hebron, na Cisjordânia, que ganhou o apelido dos moradores de ‘peixe com rosto humano’. O vendedor comprou a raia de um pescador na cidade de Haifa. (Foto: Hazem Bader/AFP)

06/06/2009 Posted by | Anatomia, Curiosidades, Textos Biológicos, Zoologia | Deixe um comentário

Zoológico da Tailândia exibe panda recém-nascida

.O zoológico de Chiang Mai, em Bancoc, apresentou uma nova moradora: uma panda-gigante que nasceu na semana passada. .


.A fêmea recém-nascida terá nome escolhido por meio de um concurso.

O zoo oferece um prêmio de 1 milhão de baht (a moeda local, correspondente a R$ 570) para quem sugerir o melhor nome.

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06/06/2009 Posted by | Ecologia, Textos Biológicos, Zoologia | Deixe um comentário

Marina Silva diz que código ambiental "criará polarização"

Senadora Marina Silva diz que código ambiental “criará polarização” e deseja “sorte” a Minc

Na semana em que se comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, viu o Senado aprovar medida provisória (458) que regulariza terras ocupadas na Amazônia, enviou carta aberta ao presidente Lula pedindo o veto a alguns artigos da proposta e foi eleita parlamentar “amiga” da Amazônia por um grupo de ONGs.

Apesar de achar que o Brasil tem o que comemorar na data simbólica, a senadora prevê uma “nova polarização” no Congresso, por conta do código florestal, e diz que seu sucessor na pasta do Meio Ambiente enfrenta um momento de “questionamento” da sua agenda.

“É um momento de dificuldade. O ministro está vivendo uma fase de questionamento da sua agenda. Houve uma tentativa de setores atrasados da agricultura de desqualificá-lo, mas isso faz parte. O presidente Lula diz estar muito satisfeito com o trabalho do ministro, então não vejo porquê (ele sair do cargo)”, disse. “Espero que ele tenha muita sorte em ampliar seus trabalhos para o governo, porque são questões muito difíceis, já que ações de outros ministérios, como Transportes, Agricultura, Minas e Energia, têm efeitos diretos em seu trabalho.”

A senadora considera que o Brasil ainda precisa avançar no apoio ao desenvolvimento sustentável, para reduzir o desmatamento na Amazônia. “O plano de combate ao desmatamento criado em 2004 tinha três eixos: o combate às práticas ilegais, que eu acho que avançou com o trabalho do ministério do Meio Ambiente, o ordenamento fundiário, que eu considero que andou para trás com a aprovação da MP 458, e o apoio às atividades produtivas sustentáveis, que está parado e precisa avançar.”

A MP 458 foi aprovada no Senado na última quarta-feira, depois de gerar muita polêmica entre os parlamentares. O próximo embate no Congresso deverá ser a discussão de um projeto de lei (5367/09) apresentado pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) que propõe mudanças no Código Florestal brasileiro. Entre outras coisas, o texto sugere que os Estados tenham autonomia para tomarem suas decisões em relação à questão ambiental. O autor defende que outros Estados possam fazer como Santa Catarina, que criou um código florestal próprio, gerando polêmica com o ministério do Meio Ambiente.

“Eu acho que (o projeto) vai criar uma nova polarização. Ainda não analisei a proposta, que foi assinada por vários deputados, inclusive parlamentares do PT e do PV, mas vou ler atentamente. Sei que contém uma série de mudanças muito preocupantes. Minha intuição é que no lugar de se querer cumprir a Constituição, quer se mudar a lei, como fez Santa Catarina. Querem generalizar o modelo para todo o país.”

Sobre a lista com os parlamentares “amigos” e “inimigos” da Amazônia, divulgada sexta-feira por um grupo de ONGs, a senadora disse ter ficado “feliz” com a indicação como amiga da floresta e diz que o prêmio “sinaliza que a sociedade está atenta ao que está sendo feito pelo governo e pelo Congresso Nacional para preservar a Amazônia e protegê-la.”

“Os que foram considerados “inimigos” podem sair dessa incômoda posição e passarem a ser amigos da floresta. Proteger não significa ser contra a agricultura, mas a favor do desenvolvimento sustentável”, afirmou.

Fonte::http://noticias.uol.com.br/politica/2009/06/06/ult5773u1361.jhtm

06/06/2009 Posted by | Ecologia, Textos Biológicos | Deixe um comentário

Os parlamentares ‘amigos’ e ‘inimigos’ da Amazônia

No Dia do Meio Ambiente, ONGs elegem parlamentares ‘amigos’ e ‘inimigos’ da Amazônia


O Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) divulgou nesta sexta-feira (5), Dia do Meio Ambiente, a primeira edição do prêmio “Amigo” e “Inimigo da Amazônia”, voltado para os parlamentares que atuam no Congresso Nacional.

A lista é dividida em duas categorias: “espécies nativas”, para os parlamentares da região da Amazônia, e “espécies exóticas”, para aqueles de outras regiões do país.

Parlamentares amigos e inimigos da Amazônia

Amigos
Espécies nativas
Espécies exóticas
Senadora Marina Silva (PT-AC)
Senador Aloízio Mercadante (PT-SP)
Senador José Néri (PSol-PA)
Senador Cristóvão Buarque (PDT-DF)
Deputado Sarney Filho (PV-MA)
Senador Renato Casagrande (PSB-ES)
Deputado Paulo Texeira (PT-SP)
Inimigos
Espécies nativas
Espécies exóticas
Senadora Kátia Abreu (DEM-TO)
Deputado José Nobre Guimarães (PT-CE)
Senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR)
Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
Senador Romero Jucá (PMDB-RR)
Deputado Valdir Colatto (PMDB-SC)
Senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA)
Deputado Homero Pereira (PR-MT)

Por que estes parlamentares foram escolhidos?

Saiba quais são os motivos alegados pelas ONGs para premiar parlamentares “amigos” e “inimigos” da Amazônia

Entre os inimigos da Amazônia, está a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), relatora da Medida Provisória 458 aprovada na última quarta-feira (3) no Senado, chamada pelos ambientalistas de “MP da grilagem”. O texto permite a regularização de terras ocupadas na região da Amazônia.

Também entre os inimigos está o senador Romero Jucá (PMDB-RR), por ter, segundo os ambientalistas, liderado a bancada do governo na aprovação da MP 458 com rejeição dos destaques apresentados pela senadora Marina Silva (PT-AC), que poderiam melhorar a proposta na visão dos organizadores do prêmio.

A ex-ministra do Meio Ambiente, aliás, foi uma das premiadas como amiga da Amazônia, pelo “conjunto da obra”.

No total, foram sete premiados como amigos da floresta e nove como inimigos. “Esperamos que, nas próximas edições, possamos aumentar os contemplados na categoria ‘amigo’ e reduzir os da categoria ‘inimigo'”, disse Esther Neuhaus, gerente executiva do FBOMS.

“Queremos mostrar para os parlamentares que a sociedade está atenta ao que eles estão fazendo e colocar um ponto de exclamação diante daqueles que têm atuação contrária à Amazônia”.

Além do FBOMS, a comissão organizadora do prêmio contou ainda com integrantes do Greenpeace, Instituto Socioambiental, Imazon, MST e Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Claudia Andrade
Do UOL Notícias
Em Brasília

05/06/2009 Posted by | Ecologia, Textos Biológicos | Deixe um comentário

Pense na quantidade de energia que você consome!

Dia Mundial do Meio Ambiente, pense na quantidade de energia que você consome

Aproveite este Dia Mundial do Meio Ambiente (5) para refletir sobre a quantidade de energia que você consome em casa. Com medidas simples para combater o desperdício, como diminuir o tempo do banho e não abrir a porta da geladeira à toa, você diminui gastos e ajuda a preservar recursos naturais.

Quanto maior é a potência de um eletrodoméstico, mais ele gastará energia. Por isso, sempre que você for comprar algum aparelho desse tipo, observe qual sua potência em Watt e procure pelo selo Procel, que indica o consumo baixo de energia pelo aparelho.

Arquivo Folha Imagem

O chuveiro elétrico é o eletrodoméstico que mais consome energia em uma casa

Conheça o gasto de alguns eletrodomésticos e dicas para evitar o desperdício:

Lâmpadas
A utilização de lâmpadas fluorescentes compactadas, no lugar das incandescentes, pode representar uma economia de até 80% de energia elétrica. Uma lâmpada fluorescente compacta de 15 W (watts) corresponde a uma lâmpada normal de 60 W. Em média, as fluorescentes duram dez mil horas, enquanto uma lâmpada normal de 60 W, apenas mil horas.

As lâmpadas fluorescentes são mais caras que as comuns. Uma fluorescente de 20 W, por exemplo, custa seis vezes mais do que sua similar incandescente. Contudo, a durabilidade das lâmpadas fluorescentes atinge entre 8 e 10 mil horas (sua vida útil é estimada em até 10 anos), enquanto as incandescentes duram em média 1.000 horas (ou 1 ano). Por isso, a troca compensa financeiramente.

Vale lembrar que, apesar de economizar energia, as lâmpadas fluorescentes podem causar danos ao meio ambiente se descartadas no lixo comum, já que apresentam metais pesados como o mercúrio metálico.

Chuveiro elétrico (Potência média 4.500 W)
É o eletrodoméstico que mais gasta energia em uma casa. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, ele representa 30% da conta de consumo. Se você usar um chuveiro com potência de 4.500 W durante 30 horas por mês, gastará 135 kWh.

Se for possível, utilize um sistema de aquecimento solar. A organização não governamental Sociedade do Sol oferece, em seu site (www.sociedadedosol.org.br), download com manual disponível para fazer o sistema de aquecimento em casa, com materiais simples e de baixo custo. O custo final é de aproximadamente R$ 320 (esse gasto é 10% menor do que o investido em um aquecedor tradicional).

Ferro elétrico (Potência média 1.200 W)
Esse aparelho também consome bastante energia elétrica. Acumule a maior quantidade possível de roupas, para passá-las de uma só vez, porque o ferro consome mais energia no aquecimento inicial. Reserve as roupas leves (por exemplo, as feitas de nylon ou lingeries) para serem passadas logo que você desligar o ferro, pois ele permanecerá quente por uns 10 minutos. Um ferro de 1.000 watts, usado durante 15 horas/mês, consome 15 kWh.

Geladeira (Potência média de 300 W)
Segundo a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), a geladeira é o segundo equipamento que mais consome energia em uma residência, ficando atrás apenas do chuveiro elétrico. Ela contribui com 25 a 30% do valor de sua conta de luz.

Uma geladeira com 200 W, se for utilizada pelo período de 300 horas/mês, gastará 60 kWh de energia. Veja algumas dicas para diminuir o gasto de energia deste eletrodoméstico:

– para gastar menos energia com o uso da geladeira, descongele-a regularmente. A crosta de gelo aumenta o consumo energético;

– o termostato deve estar entre 2º e 6º. No inverno, deve ficar em 2º ou 1º. De qualquer forma, ajuste-o sempre de acordo com o manual de instruções do fabricante;

– instale sua geladeira em local bem ventilado, sem encostá-la na parede ou em móveis;

– deixe-a longe de raios solares e de fontes de calor, como fogões e estufas;

– nunca utilize a parte traseira da geladeira para secar panos ou roupas;

– procure abrir a geladeira o menos possível. Guarde os alimentos de uma só vez. Se for preparar uma refeição, retire todos os ingredientes antes de começar a prepará-los;

– não coloque alimentos quentes ou recipientes com líquidos destampados na geladeira, para não exigir um esforço, maior que o habitual, do motor;

– quando for comprar uma geladeira nova, escolha um modelo de tamanho compatível com as necessidades de sua família;

– verifique o consumo declarado pelo fabricante e também se a geladeira tem o selo de economia de energia Inmetro/Procel;

– não se esqueça de manter as borrachas de vedação da porta em bom estado. Para testar a vedação da porta, coloque uma folha de papel entre esta e sua borracha. Deixe metade da folha para fora da geladeira. Feche a porta e tente puxar o papel. Se este sair facilmente, a vedação está comprometida, o que compromete a eficiência do aparelho.

Freezer (potência média de 400 W)
Um freezer de 400 watts, usado por 300 horas/mês, gasta 120 kWh. Por isso, quando você tiver um volume pequeno de alimentos, desligue o equipamento e use o congelador da geladeira.

Máquina de lavar roupas (potência média entre 600 e 800 W)
Para evitar desperdício, acumule o maior número de peças de roupa para colocar na máquina de lavar. Use a capacidade máxima determinada pelo fabricante da lavadora. Utilize a quantidade adequada de sabão, para não repetir a operação de enxágüe. Se lavadora de roupas tiver 1.500 W, e ficar ligada durante 15 horas, gastará, em um mês, 22,5 kWh.

Secadora (potência média de 3.500 W)
Evite usar este eletrodoméstico que gasta energia desnecessariamente, já que a luz solar é suficiente para secar as roupas durante quase todo o ano. Uma secadora usada por 15 horas durante o mês tem o consumo médio de 52,5 kWh.

Micro-ondas (potência média 1.200 W)
Se utilizado por 15 horas/mês, um forno de micro-ondas padrão gastará 19,5 kWh.

Televisor com monitor de tubo (potência média entre 80 e 100 W)
Uma televisão com monitor de tubo, de 20″, com potência de 90 W, se ligada durante 90 horas por mês, utilizará 8,1 kWh. Os monitores LCD consomem menos energia: cerca de 55 W (aparelho de 20 polegadas). Uma televisão com esta potência, se utilizada durante 90 horas mensais, gastará cerca de 4,9 kWh.

Ar condicionado (potência média 2.600 W)
Muitas vezes, o ventilador pode substituir o ar condicionado. Além disso, sistemas de ventilação natural (janelas, esfriamento pelo solo, entre outros) também podem dispensar o uso deste aparelho. Quanto mais BTUs (Unidade Térmica Britânica, que mede a capacidade de resfriamento do aparelho) tem um ar-condicionado, mais energia ele consome. Um equipamento de 2.600 W (18000 Btu/h), se ligado durante 45 horas/mês, consume 117 kWh.

Secador de cabelo (potência média de 1.000 W)
Embora o tamanho dos secadores de cabelo seja pequeno, seu consumo de energia elétrica é bastante elevado. Se for usado durante 15 horas por mês, um secador com potência de 1.000 W gastará 15 kWh.

Consultoria: Nélio Bizzo, mestre em biologia e doutor em educação, professor da Faculdade de Educação da USP, Pesquisador do CNPq e autor de livros e artigos científicos]
Fonte: http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/2009/06/05/ult4477u1710.jhtm

05/06/2009 Posted by | Ecologia, Textos Biológicos | Deixe um comentário